Dores neuropáticas: Mito ou realidade?

O artigo abaixo foi traduzido do francês para o português. O artigo original foi publicado na Tribune de Genève, quinta-feira, 9 de março de 2017. Nós estamos reeditando-o graças à inestimável permissão da: MEDIAPLANET

Trinta mil genebrinos, 450.000 suiços e 450 milhões de seres humanos sofrem dia e noite com dores neuropáticas. Mas se nem os antiinflamatórios aliviam suas dores, é sinal de que seus nervos não estão bem conectados! Explicações… 

Os nervos cutâneos apresentam ramificações sob a pele e, assim, seus 240 ramos ficam expostos a traumas e, portanto, são frequentemente lesados. Cerca de 7% da população é afetada por este distúrbio.

De um simples desconforto às tormentas insuportáveis
A consequência fisiológica das lesões do órgão responsável pelo tato é o amortecimento de parte da pele que leva à uma sensação desconfortável e difusa, como se estivesse dormente. As sensações nessa parte da pele podem ser de queimação, quente, fria, dor e até mesmo congelante. Estes desconfortos são intermitentes, e progridem para incessantes, enquanto que estas sensações de frio e calor não têm nenhuma relação com a temperatura baixa ou elevada. Além disto, a queimação frequente desta parte da pele está associada a sensações de “pontada” – “perfurante” – “estirante” – “enlouquecedora”: estas palavras são com frequência utilizadas para descrever os sintomas. Estas dores espontâneas não estão ligadas às atividades e nem ao repouso. Elas são desencadeadas a qualquer hora. No entanto, os mecanismos de plasticidade neuronal permitem uma reorganização destas lesões neurofisiológicas.

A flor da pele, irritável, agressivo: “não sou eu”
Quando você acorda, dia após dia, de suas noites agitadas, você se torna cada vez menos acessível aos outros. Isolado, você perde sua generosidade; pouco a pouco você se torna oprimido pelo seu problema; em resumo: você se torna insuportável ... para si mesmo e para as pessoas ao seu redor. A dor é uma experiência física e emocional ; isto se aplica ainda mais nos casos de dor neuropática que pode ser bastante desgastante.

Ao contrário do bom senso
Um terço dos pacientes que sofrem de dores neuropáticas apresentam outra dor. A dor neuropática causada pelo toque – conhecida como alodínia – é contraditória, paradoxal, para não dizer “ilógica”: Qualquer estímulo – as gotas de água do chuveiro, o contato das roupas ou qualquer outro toque como uma carícia – é percebida não somente como desconfortável e difusa, mas sobretudo como dolorosa. O mesmo estímulo provocará, por um lado, sensações de aperto como se alguém forçasse uma chave contra a pele, e por outro lado, sensações de queimação – como se alguém encostasse um ferro quente sobre tua pele. Esta dor é perversa : após a aplicação de um estímulo relativamente suportável, a percepção dolorosa irradia e se espalha, e não pára durante horas e horas. O primeiro passo do tratamento é minimizar qualquer contato direto sobre a área dolorosa e então reverter os mecanismos de sensibilização periférica e cortical que dão origem a este paradoxo.

Quem é o responsável? O sistema nervoso somatosensorial
Nosso sistema nervoso se estende de receptores da pele à diferentes centros nervosos no cérebro. O cortex insular, em particular, faz uma má interpretação da sensação. Localizada profundamente atrás da região frontal, ela interpreta o toque como doloroso. Esta interpretação errada pode ser modificada por meio de uma reeducação apropriada.

Traduzido em português por: Sibele de Andrade Melo Knaut, PhD, pht ; Luiz Alberto Manfré Knaut, MSc, pht ; João Afonso Ruaro, PhD e Jackeline Siqueira Dalzoto (Estudante do 5º ano de Fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná)

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